O Mapa de Danos se aplica somente aos bens culturais materiais e consiste, na representação gráfica e sintética dos danos físicos existentes no bem histórico. É o resultado de pesquisas mais aprofundadas sobre o edifício que levarão ao conhecimento do estado de conservação para fundamentação da postura de intervenção a ser adotada.
Observou-se que o Mapa de Danos vem sendo pouco utilizado e a maioria das vezes de forma incompleta e/ou inadequada. Fato preocupante, uma vez que o Mapa é considerado como um dos poucos, senão único método de vivenciar com profundidade o real estado de conservação do edifício.
Os diversos tipos de Mapa de Danos podem ser subdivididos de acordo com as funções, conteúdo, método e modelos. Alguns modelos se destacaram pela importância do bem e diversidade de métodos utilizados, como: a Matriz de São José, a Basílica da Penha, o Chanteclair, as fachadas em azulejaria em alto relevo do século XX de edifício histórico, todos localizados no centro do Recife, além do Convento Franciscano localizado em Olinda.
Esses modelos abordaram diferentes aspectos relacionados ao Mapa de Danos, como o conteúdo e explanação sobre o bem e sua significância, contextualização histórica, físico-social; os itens de investigação relacionados às patologias (causa, origem, manifestação…);métodos tecnológicos de investigação da manifestação patológica (fotogrametria, scanner digital…) e os modelos utilizados para a representação das informações obtidas (Mapa de Danos).
Tanto a metodologia de investigação quanto a representação dos danos, está avançando gradualmente de acordo com as experiências vivenciadas em práticas e com os avanços tecnológicos. Este desenvolvimento é de extrema importância para que o Mapa de Danos seja utilizado da forma mais completa e eficaz nos projetos de intervenção no patrimônio histórico.
Como definição do Mapa de Danos, podemos considerar como…a representação gráfica do levantamento de todos os danos existentes e identificados na edificação, relacionando-os aos seus agentes e causas. São considerados danos todos os tipos de lesões e perdas materiais e estruturais, tais como: fissuras, degradações por umidade e ataque de xilófagos, abatimentos, deformações, destacamento de argamassas, corrosão e outros.
Não há um piloto de Mapa de Danos a ser seguido, ele vem sendo muitas vezes utilizado de forma inadequada ou incompleta, entretanto o Mapa é imprescindível para fundamentação nas decisões referentes ao objeto de intervenção. Como, na composição de caderno de encargos, orçamentos e atendimento das exigências de aprovação do projeto de intervenção pelos órgãos competentes. É adequado que sejam estipulados métodos e modelos para cada caso, e que atenda bem as fases de análise e execução da intervenção.
O material bibliográfico sobre Mapa de Danos especificamente, com exceção do acervo de Mapas produzidos, é escasso e vêm sendo construído gradativamente com as experiências vivenciadas no cotidiano na área da conservação. Por esta razão, é relevante que os profissionais exponham e dividam suas experiências, para que desta forma possa-se compor fontes de pesquisas norteadoras aos interessados.
Constata-se nas atividades cotidianas nas áreas de conservação e restauração do edifício histórico que a função do Mapa de Danos não é explorada em todo seu potencial. Sua função não se resume a uma representação gráfica de seu estado patológico, mas traduz um registro do quadro evolutivo do estado de conservação. O exame realizado em um dado momento servirá como agente facilitador de futuros exames ou de ações preventivas (manutenção do estado de conservação bom) e de intervenções.
Por mais completo e eficaz que seja o Mapa de Danos em um determinado momento este trabalho deverá ser refeito no caso de tardar a intervenção em si, pois o diagnóstico certamente mudará com o desenvolvimento e livre ação dos agentes causadores das patologias. Isto não anula, contudo a relevância do primeiro Mapa de Danos, apenas neste caso mudará de função, onde passará de representação gráfica do estado patológico atual para norteador da nova representação a ser realizada.
Portanto a função do Mapa se atém efetivamente no momento em que será utilizado, no mais só colaborará como fonte de futuros processos de diagnóstico.
Entre o conteúdo que deverá dispor o Mapa de Danos estará:
- Situação física, histórica e social do edifício, esta descrição conterá a localização do imóvel, situação legal, data de construção, estilo arquitetônico, contexto histórico de sua época, contextualização social e
urbana atual (entorno), imagens antigas e atuais do imóvel e entorno etc.; - Declaração de significância, que é um sumário, uma avaliação sobre os
valores de integridade e autenticidade de um bem cultural2, além de um
suporte para a conservação dos valores do bem, explicando sua significação
aos usuários e deve constituir um primeiro passo essencial no
desenvolvimento de um plano de gestão da conservação; - Representação gráfica de seu estado de conservação, a representação
de suas patologias, causas, agentes e ações corretivas, a descrição dos
métodos e equipamentos empregados na investigação e por fim as ações
corretivas e preventivas munidas de sua fundamentação teórica e/ou prática
para estas ações.
Pode-se afirmar que um Mapa de Danos eficaz é aquele que através do método de investigação ideal para o tipo de construção/dano a ser investigado obtém um conteúdo (diagnóstico) completo e confiável, para que se possa indicar uma ação corretiva eficaz para as patologias, trazendo assim excelência na funcionalidade do Mapa.
Quanto a representação, pode-se considerar um modelo completo:
- Representação Gráfica, que poderá conter: Desenhos arquitetônicos,
perspectivas tridimensionais, fotografias de alta resolução, fotogrametria etc… - Fichas de Identificação, que deverá conter: Imagem, localização do dano,
quantificação dos elementos e áreas danificadas, manifestação, origem,
natureza e ação corretiva, descrevendo o método de execução da ação
corretiva.
A excelência no Mapeamento de Danos trará grandes benefícios à conservação do patrimônio, a representação e tratamento eficaz das patologias farão com que qualquer intervenção realizada no monumento arquitetônico tenha maior durabilidade e sendo assim, maior significância na linha do tempo.
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